Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: dezembro 2009

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Bola de arco-íris

Boa noite! Tiro chapéu por vossa excelência e
Assopro o liquido no beijo da tarde anoitecida.
Formo uma bola de sabão de distinta pele, e
Parto por entre as nuvens negras de chuva
Cujos sucos-venenos dão vida à vasta terra
Que eu procuro e existem dentro de mim.
… Contagio-me de alegrias!
Tenho que seguir a trilha e largar tudo pois
No meio dos medos e desertos há força
E é lá que devolvo o meu sabor ao vento
Na minha bola de sabão inalcançável pois!
Com ela foi parte de mim no gélido temporal
Vagando aventuras qual anjo caído ou nékuia
Apenas aclareado por uma imensa lua alegre
Resulto apenas duma semente que se sente e
Abarco um novo arco-íris metafísico e carnal
E levo-me numa viagem pura para mostrar e
Ditar apenas por alto o que está mais além
Boa noite? Sim de facto está uma boa noite!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Aos olhos de um homem

Pobre menino de olhos prata

Castanhos dourados e escuros

Aguarda sentado na pedra fria

Sob a constelação de aquário

A vinda do quente ser outonal

Num nobre suicídio de inverno

(Pinto esta cena dessaturada)

Vivo, o petiz sonha com a lua

E o corpo belo de constelações

Nos seus secos lábios vermelhos

Mas que escondem um segredo

Apenas sentido no beijo da lua

Dão ao lacrau hábeis apetites

E ardem a noite mais fria do ano

Tornando em cinzas toda a vida

Fica apenas a triste pedra

terça-feira, dezembro 08, 2009

Mergulho na pulsão

Quente e molhado
De corpo bem rijo acordo da imaginação.
Sinto o cheiro a terra molhada na minha pele,
Órgão que esconde delícias, drogas e mistérios.
Procuro uma fonte de água, preciso de beber,
Tenho a garganta seca num corpo humedecido.
No sonho infernal vivi dentro de um anjo especial
E agora me apercebo do veneno de puro prazer.
Não quero acordar, olho ensonado e estou só,
Quero dormir, soporíferos para adormecer,
Apenas quero voltar a entrar, ainda sinto o cheiro
E os lábios inchados na ponta da minha língua.
Começo a sofrer com o pulsar deste meu corpo.
Rápido, envolvo-me debaixo das longas sedas de lã,
Os calcanhares batem no escuro na procura de calor
E as mágicas mãos quentes procuram a fonte,
Conduzindo-me no gemer a uma nova invasão.
Usufruo do grito da entropia desse sonho.
Hoje escrevo, estou quente e molhado.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Espectáculo burlesco

Escorre-me o sangue por entre boca

Renasço com sede por não morrer.

Circulo no silêncio com passos felinos

Procuro a presa numa sede incessante

De olhar erótico como dança de flamenco

As garras dos meus olhos consomem o ar

Persigo tal perfume sedento de carne

Gemo implacável encostando-me a ela

Sacudo os quadris num ritual erótico

Espalho hormonas, sementes e odores

Bailo com a presa (é fera contra fera)

A vontade dos gemidos acordou a selva

E numa explosão felina que se queima

Capturo a paixão angustiante nos olhos

(Praguejam enormes desejos de me tocar)

Continuo o ritual, esta caçada solitária

Provoco anéis de luz no olhar que me quer

Ou nos lábios que não escondem os dentes

Em rugidos que simulam vontades de morder

E quebram o meu correr com carnosos beijos

Que abatem ou rasgam o felídeo do meu corpo

Desfrutam de um predador tornado presa