Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: Pedalo

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Pedalo

Ceifo o vento como um pássaro
Corto a hora no minuto.
Solto-me da terra
Fumo no Tic
Bebo no Tac
Entranho-me nas nuvens
Ondulo
Marco a pauta do piano
Deixo de ouvir
Falta a luz
Quero sorrir
Caminho pelos meus sonhos
Largo a bicicleta e corro
Corro por nós
Na tua tristeza e silêncio abatido
Seguro-te pelas assas e voamos
Serpenteamos
Emaranhamos
Construímos
Refazemos bem no alto a nossa casa
O nosso ninho
O nosso abraço
Saímos da estratosfera
Estratoferica nuvem da escuridão
Por um minuto, por dia, por um segundo
Por um tempo
Um tempo que não é tempo
Rasgado pelo espaço
Não é tempo
Não é prazo
Somos incomensuráveis
Ilimitados
Delimitados
1,937,858,709,635,469 horas
Biliões de horas
Milhões de segundos
Et-oma
E não há mais ditos nem desditos