Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: janeiro 2010

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Um ano de tristeza omitida

Sabeis que abala-me uma tristeza profunda

Dentro da mente quente e do solto coração.

Mas, hoje explodiu e vejo -me muito disperso.

Só, procuro o incerto e abrigo-me no álcool

Porque este jogo da vida é-me difícil de perder.


Ponho música alta no mp3 e saio para a rua

Tentando lançar os dados sobre tal suportação

Num ano negro cujo bater estranho foi omitido.

Quero paz mas sinto o peito a bater tão forte

Tão forte que me faz puxar a pele exaltado.


Sinto o sangue a esgotar-se no meu corpo.

Sabia que ia ser duro porém fui esquecido

Ignorado num ano de luta aqui sozinho

Como uma sombra dura que me atravessa

Sinto-me um pedinte a ranger sem ajuda


Nem sei mais o que hei-de escrever

Porem, encontro conforto nestas letras

E traço um caminho, um novo começo

Sobre o medo e o pó da desconfiança

…lutai

Não mereço mais um ano assim.

sábado, janeiro 16, 2010

A serenidade

Pratico diante de si uma reflexão

Sobre o ser e a reunião do ser.

Numa busca para definir condições

Para um novo modo de pensar.


(Bebo para tocar no fundo)


Deixemos o hábito e as prisões

E agarremos uma nova persistência.

Algo que outrora foi indizível

Porque não nos ocorreu o seu nome.


(Não bebo para estar acordado)


Vamos olhar um novo mundo

Habitar a sombra que é rica em vida.

Escutar o imaginário como real

Na icónica união da poesia e a ciência.


(Sou zero, fogo e água)


Só assim a imaginação está aberta

Para sugar a riqueza inesgotável da vida.

Neste mundo tão denso em seres

A serenidade pertence a todos nós

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Na calma do dever

Querida terra,

Constitui algo de singular
Almas humanas imprudentes
Que brincam com letras do alfabeto
Inquietam-se queimando outros
Como que ultrajando cruelmente a Vida
Esquecendo que o que são na terra
Os seguirá para todo o lado
Pois pertencem ao mundo inteiro e
Ouvir tais gentes, não muda o mundo
Pois o que nos perturba é o que somos
E lutemos a terra que nós inspiramos
Numa intensificação forte do real a
Mostrar novos espaços de idioma e
Novas conexões neste olhar para nós
Para afastar o peso que vai na alma
De modo à terra dar finalmente prazer
Nestes chamados crimes de amor

sábado, janeiro 02, 2010

Seda azul

A batida do coração ergue-se na confusão

Do romper a pele na primeira noite do ano.

Permito os meus sucos e dedos percorrer-te

Revelando a nu tal corpo que me consome.

No meio da simplicidade de ruidosos silêncios

Das paredes manchadas que os envolvem.

Materna, abres sem vergonha o meu olhar

Que teimo em fechar para sonhar tal sonho.

Percorres-me, abro os olhos, entrego-me

E revelo corpos nus num espaço quadrado.

Sopro no frio mas bato no calor da perdição

Elevando a alma a um estado de toque único.

Lá, o tempo não contamina tais seres vivos

Que respiram a fé dos abismos nele contido.

Largos silêncios e finas palavras tecem unos

Sorrisos e ténues lágrimas em ambas faces.

As gotas levam consigo a beleza do momento

Depositam fogos, tatuam belas esperanças.

Agora espero acordar, que seja logo manhã e

Lembrar-me sempre do acordar desse rosto

Ao meu lado.