Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: Quiromante de madeira

terça-feira, dezembro 20, 2011

Quiromante de madeira

A mão existe numa paisagem esquecida
Como que a essência guardada no bolso
De homens sem carácter abertos de espanto
Falando do mundo mas nem se reconhecerem
Pensam que são e sabem criar
Mas a mão permanece fechada
Porque o homem só a vê trabalhar.

Olhemos com mais atenção para tal frágil ser.
Planícies e montes sob ossos, artérias e veias
Expressa-se melhor que a curvatura de uma planta.
Agita cadencias criando harmoniosas figuras
Doces, bailarinas sombras de mistério
Formas que brincam com a luz e memórias
Trazem à palavra imagens de um perdido passado.

Ó amante esquecida do poeta que quer criar
Massa informe de um boneco de madeira
Tento descobrir-te para construir-me de verdade.
Moldando assim com as minhas próprias armas
- Escapo da regalia do que é ser humano.