Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: abril 2005

sexta-feira, abril 15, 2005

Jardim de rosas

Honra, Dignidade, Integridade,
Probidade, Rectidão.

Sufoco e respiro.

Mordo o peito,
Tentando não vomitar.

Inalo o ar, sombra de ânsia,
(Triste vazio do meu sorriso)

Como me sinto?
Rosa brava,
Desfolhado e sem espinhos.
Absorvo o que os olhos vêem,
E quase caio morto.

Rosa sôfrega,
És vazia

Sinto dor por te segurar!

Magra pétala, és sombria
Procuras respostas,
Sonhas caminhos,


Bebes da terra,
Beijas zumbidos,

Drogas a alma,

Devaneias sozinha,
Agarras-te e consolas


Não sentes?
Tens fome ?

Raspas o caule dentro do vidro

O vento não é só para ti!

Não esqueças também que os outros
Vivem abismos dentro de si

quinta-feira, abril 07, 2005

Extrema unção

-Num passeio de pedra,
-Numa noite de lua,
Cheiro a noite pardo, do caminho molhado.
Como homem, não digo adeus
Carrego na lua os meus ombros segredos
Entre o brilho, entre o medo
Silente aragem sobre o meu corpo doentio
Atravesso uma insónia asfixiante
Choro por querer a lágrima que não tenho
Numa triste hora fria matinal
Calejo o físico sobre as pedras do passeio
Morro mesmo sem querer
Retrato esta cor tremida entre o negro nevoeiro
Flashes de alma angustiada
Sobre os meus cáusticos pés afasta-se nada
Vagas respostas a prazo
Sofro na vida passageira aquilo que existe
Relembro doirados no azul do vento
Pontos de luz que me atravessam na noite
Cego memórias, lenta madrugada
Toco a pele moldada na saudade do afecto
Sangue lânguido esquentado
Acordo sentidos ocultos, infernos que ocupei
Escorrego a dor na manhã
Acendo um cigarro, forte brilho me trespassa
Face contra face, aqueço ao sol
Liberto o meu tormento com uivos de horror
Aproximo sorrisos curvos sobre mim
Cores e rostos agora vejo num furor citadino
Boca vermelha, figura obscura
Cansado de ver fecho a porta que dá lá para fora
Sou vítima num lençol afundando lentamente
-Num passeio de seda,
-Numa tarde de sol...