Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: setembro 2006

sábado, setembro 23, 2006

Seis

Debaixo da chuva
Ante o sossego da noite, do corpo e do tempo
Desço dentro de mim neste mar de silêncio
Apaixonado como se fosses carne e eu desejo, e
Trespasso o meu corpo pois mora em mim uma menina
Que destila nos meus lábios as gotas dos seu corpo aromático
E numa metamorfose espontânea de íntima noite
Nascemos a arder em trocas de sinceridade e lágrimas
Entre o pó de moldes de consanguinidade luminosa
De inocência e saudade em musicais de chuvadas
E abrigamo-nos em qualquer ponto do nosso corpo
Tornando-nos torrenciais e incandescentes rios
No seio do cimento da velha metrópole das luzes
Tecendo fortes e rasgados beijos dramáticos
Debaixo da nossa chuva

sábado, setembro 09, 2006

Moral

Sou o pássaro que voa despido de anseio sumido

Nesta alquimia de nuvens escuras e sons do mar

Que trovejam beijos neste corpo a saber a sal

Provocando arrepios nos espíritos que suspiram

Oh voos tingidos de prata pela lua que temos no ar

Pautados pela chuva que nos cai sobre os dedos, e

De olhos fechados sinto os suspiros do teu corpo

Nos versos da minha boca fundindo-se ao vento

Silêncio! No silêncio dos rostos criamos a universalidade

Mergulhada na poesia de beijos, toques e danças

Cravadas no chão do pensamento sufocado que unimos

Ingressamos e rimos, brotamos de corpos despojados

Em paredes rasgadas pelos ecos dos meus dedos

Içamos as velas de ventos e navegamos no tempo

Como corpos líquidos numa cúpula de palavras

Somos cativos do tempo do outro, somos letras

Desenhados em transparências num cálice de ardor