Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: agosto 2005

terça-feira, agosto 16, 2005

Alucinações

Cheirei-a.

Saí para a rua
Em tons frescos
(num tempo frio)

Reviro o olhar
Sob luzes de néon

(renasço)

Caminho por labirintos
Como um acto de fé.

Rasguei a carcaça,
Sou um corpo invisível
(evito a dor e o nada)

Eu apenas
(um corpo e uma mente)

Mergulho os lábios e recuo

Balançando o cigarro
Grito por mim mesmo
(Procuro ninguém)

Vejo guitarras, becos e gritos
(é noite de fadistas)

Tecidos reluzentes
(Dourado e prata)

Afasto-me e eclipso
Numa mera apresentação glamorosa

Era homem,
Mas não o sou mais

Fui invadido por ninguém
Sou capa de revista

Mergulho o rosto no pó
E retoco esta minha loucura

(Sempre insuficiente)
De extravagantes alucinações.