Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: Vapor pintado a vermelho

terça-feira, março 15, 2005

Vapor pintado a vermelho

Caro amigo – Melhor poeta moderno!
Somos monstros, mas merecemos viver.
Trocamos cabeças em romances baratos,
Pensamos na mágoa da árida crosta crua,
Dançamos no silêncio vazio das folhas,
Masturbando a dor que gravamos no papel.


Somos Homens, treinadores imaginários,
Miramos narrativas que fazem sentido.
Tocamos nas letras como o cego aborda a vida,
Cheiramos as coxas, perdemos a cor.
Somos dois animais, pois ambos temos fome
Rangemos os dentes, fechando a alma da dor

Caro amigo – Eterno poeta, Eterno!
Velho sangue que já foi Homem.
Agora sou o monstro que tu logo foste,
Torturando desejos no meu perpétuo passado.
Engravidas-te a minha imagem presa no televisor,
Não sei dizer o certo, só deixaste o errado.

Paguei uma vida simples, pequei o teu pecado.
És o homem do livro que sabe o antigo,
Sorrindo na capa (modelo cartão de visita).
Descolaste as frases que eu colei na mente,
Sou o reflexo alado do teu espelho de vida,
Quebrado fetiche, numa ténue vida comum.


4 Comments:

Blogger osimachina said...

xipismo

10:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

muito interessante este teu poema. poderia dizer mta coisa mas então ficaria dias a falar. ou melhor, a escrever.
um beijo imenso

1:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amigo Ruben, caro colega poeta moderno. Parece-me que estou numa espécie de depressão literária há já algum tempo. Não escrevo, não leio, e quando escrevo nunca faço grande coisa, e quando leio nunca estou em sintonia perfeita com o que leio.
No entanto, é óbvio que tenho vindo sempre ler os teus poemas simbolistas (ou surrealistas, não sei, mas também não interessa). São sempre muy agradabeles e, embora a certa altura eu receei uma estagnação, rapidamente os meus medos se dissiparam e vi que o que o meu amigo chipista tem é uma forma de expressão muito própria e coerente, ao contrário do josé - o outro lado da moeda chipistó-literária - que está sempre a fazer coisas diferentes e é (e foi sempre) incapaz de manter alguns princípios unificadores no que escreve. Isto, claro, com tudo o que tem de mau, e de bom, para ambos. Estas diferenças, aliadas às próprias diferenças temáticas entre nós (se calhar nem tanto temáticas, mas mais formais), fazem com que a poesia chipista seja ainda mais rica, mais DOIRADA!
E pronto, eu queria mesmo era comentar, pois não comentava há algum tempo porque como disse não ando muito virado para a poesia (agora ando mais na prosa), mas teve que ser, porque chipista que é chipista está sempre a par do que os colegas chipistas estão a fazer, e eu sou um verdadeiro chipista e com muito orgulho! Chipismo? Sim!
Acho que deves continuar com os teus escritos aqui no blog. Talvez um dia consigas escrever um livro que - já sabes - será lido pelo menos por mim e pela outra moça. Isso, ao menos, já é garantido.
E penso que me despeço aqui, e peço desculpa pela eventualidade de, numa mensagem tão grande, não ter dito nada de interessante. É claro que gostei do poema, embora não me pareça que o tenha compreendido na perfeição. Mas isso não interessa, até porque nunca me preocupo em compreender os poetas na perfeição porque a poesia não é uma ciência mas sim uma arte. O que interessa são as sensações.
De outro modo o meu poeta favorito nunca seria Jean-Arthur Rimbaud, o caso paradigmático do simbolismo. Cá está, este homem tinha o chipismo a correr no sangue, mas ainda viva numa certa inconsciência em relação a isso!
Me despeço então, em paz chipista. Que o chipismo fique na história - se não do Mundo - pelo menos dos seus fiéis membros. Isso vai ficar sem dúvida. Um dia lançaremos, juntos, um livro de poesia chipista. E vai ser um sucesso, meu amigo, UM SUCESSO!
Paz para ti, que eu vou agora mandar-te a password do chipismo no deviantart.

5:22 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

E espero que, se por acaso um dia o josé se suicidar, não desça muito muito na tua consideração! =D

5:23 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home