Resignação nua e violenta

Resignação nua e violenta: maio 2006

domingo, maio 28, 2006

Acordo num arrepio

Hoje dói-me o corpo do dançar e do sentir
Mas consinto o olhar destes versos para tal sorriso
Ó Chuva – Abrigo-te no silêncio do pensamento
E no corpo de escultura onde deito a tua alma
Anoiteço a arder incendiando o rastilho da loucura
E adormeço pronunciando-te sob as veias da noite escura
(As sílabas sabem-me a ti e não morro de cansaço)
Pois quero que cada sílaba tua envelheça em mim
Para eternamente passear a minha sombra na tua luz
E emergirmos em cicatriz no sangue da chuva eterna

domingo, maio 14, 2006

Antes do deitar

Arrepio o corpo salgado
Nas profundezas mais secretas do coração
Pretendo um momento que dure toda a vida
Pois a vida passa e consiste em passar
Neste sitio, à meia-noite lavo corpo e enxugo a alma
No excesso do luar incandescente da lua cheia
Mergulho o meu corpo inquieto
E pernoito no teu riso disperso sob o luar
Lua, ó lua hoje és minha, ó lua
Sussurro o meu nome ao doce teu ouvido
E solto o meu coração na tua boca
Defronto gritos de ramos lacrimantes
Lágrimas de prazer em toques sufocantes
E absorvo-te toda dentro de mim
Eu, sabendo que te amo
Lacero a carne no teu corpo
E dispo o silêncio que te veste
Para sentir nessa ausência de som
A nudez do beijo oculto da tua voz
E questiono a tal espaço ou silêncio
Se quer ser meu de modo eterno

sábado, maio 06, 2006

Castelo de corvos

O cansaço cai em melodia sobre a terra molhada do desejo
Onde abrigo nos ramos secos da árvore a tua doce respiração
Chuva! És grito que me beijas na quietude nocturna
És ave! (Ferida aberta que se abre quando me deito)
Pouso-te sob a lua junto a mim e voas bela junto ao peito
Bebo insaciavelmente o som cortante desse bater das asas
Onde as paisagens madrugadoras são horizontes impressionantes
Pintamos sobre o barro da terra húmida da tranquilidade
E abraçamos o céu do sonho e do beijo
E só assim nós os dois amanhecemos mutuamente